CARREIRA
As ciências sociais se propõem a estudar os fenômenos sociais, em especial as origens, o desenvolvimento e as transformações dos grupos de indivíduos. De maneira geral, elas se dividem em três grandes áreas: a Antropologia, a Sociologia e a Ciência Política. Assim, há três carreiras pelas quais pode optar alguém que queira estudar a ciência da sociedade. Apenas a profissão de sociólogo, no entanto, é regulamentada e reconhecida.
Entre as principais áreas de atuação dos Sociólogos estão:
- Docência: ensino Fundamental, Médio e Superior, cursos especiais de cidadania e ética, entre outros.
- Pesquisa: sociais, étnicas, demográficas, de gênero, de opinião e de mercado.
- Sindicalismo: assessoramento sindical, planejamentos político e sindical, campanhas salariais, negociações coletivas, entre outros.
- Meio ambiente: elaboração de relatórios e estudos de impacto ambiental, projetos de assentamentos em barragens, entre outros.
- Planejamento e desenvolvimento urbano: análise de viabilidade de empreendimentos de infra-estrutura urbana habitacional, análises e diagnósticos sócio-econômicos das populações, avaliação de projetos sociais, entre outros.
- Reforma agrária: assentamento de trabalhadores rurais sem-terra, estudo de perfil dos assentados, entre outros.
- Relações internacionais: desenvolvimento de estudos sobre conflitos regionais, atividade diplomática, entre outros.
- Marketing político: assessoria política, a
nálise de pesquisas e sondagens eleitorais, entre outros.
desenvolvimento de projetos de centros populares de lazer.
- Saúde: ações em medicina preventiva, postos de saúde comunitários, entre outros.
- Jurídico e carcerária: estudos de delinqüências e violências sociais, estudos de populações carcerárias, entre outros.
- Legislativo: assessoria legislativa parlamentar, desenvolvimento de estudos para a elaboração de projetos de lei, entre outros.
- Recursos Humanos: atuação nos processos de contratação, treinamento, além da análise das relações humanas no trabalho.
- Mercado Editorial: consultoria e pesquisa.
- Comunicações: análise de resultado de audiência, pesquisas qualitativas, entre outros.
A carga horária de trabalho varia de acordo com as atribuições, mas a média é de oito horas por dia. O domínio de pelo menos uma línguas estrangeiras é recomendável (e desejável duas línguas), com ênfase para o inglês e o espanhol, não só pelo material disponível em outros idiomas, mas também pela necessidade em certas áreas de atuação, como relações internacionais.
MERCADO DE TRABALHO
O mercado de trabalho dos sociólogos, de forma geral, vem se expandindo, mas o maior número de vagas disponíveis se encontra na docência. O Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo – Sinsesp luta, inclusive, pela obrigatoriedade da Sociologia no Ensino Médio, que passou a vigorar a partir deste ano. Para cientistas políticos, as chances de emprego se concentram na área de marketing político, principalmente em campanhas eleitorais. Antropólogos encontram oportunidades na pesquisa, em especial no meio rural, estudos de populações indígenas entre outras.
Grande parte das universidades oferece cursos de bacharelado e licenciatura. O Sinsesp estima que existam pelo menos 85 cursos de CS no país, que formam em torno de mil profissionais por ano. Os bacharelados abrangem três eixos: sociologia, antropologia e ciência política. Há universidades que oferecem habilitações em seus bacharelados, que podem ser escolhidas pelos alunos no meio do curso ou já no seu ingresso. As licenciaturas formam profissionais aptos a lecionar nos ensinos fundamental e médio, mas quem deseja exercer a profissão de sociólogo deve ter bacharelado. Da mesma forma, a complementação pedagógica é requisitada para bacharéis que pretendam atuar no ensino. Para dar aulas no ensino superior é necessária uma pós-graduação. A duração média do bacharelado é de quatro anos e da licenciatura, três. É recomendável que o aluno tenha bons conhecimentos de história e geografia, que junto com disciplinas como teoria sociológica, antropologia, política e relações internacionais compõem a grade curricular dos cursos.
O mercado de trabalho remunera com pelo menos cinco salários mínimos os que estão em início de carreira. O que equivale a cerca de R$1,8 mil. Profissionais com cerca de 20 anos de experiência e trabalhando em boas instituições podem ganhar mais de R$7 mil por mês.
Para se destacar no exercício da profissão, os sociólogos afirmam que são necessários conhecimentos aprofundados de política e sociedade, tanto em plano nacional, como internacional. Uma ampla formação cultural e humanística, com muito tempo dedicado à leitura de livros, jornais e revistas, é imprescindível. A vontade de buscar soluções para os problemas das sociedades e da humanidade, de forma geral, ainda é lembrada como característica fundamental desses profissionais.
Lejeune Mirhan Xavier de Carvalho, 50 anos, formado pela PUC de Campinas desde 1982, há 25 anos, concilia os trabalhos de professor universitário e sociólogo da Fundação para o Desenvolvimento da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Segundo ele, a leitura diária de pelo menos dois jornais, o domínio de duas línguas estrangeiras e o aprofundamento em novas teorias fazem uma grande diferença para se ter destaque no mercado de trabalho.
Como é a sua rotina de trabalho?
Eu e a maioria dos sociólogos, quando no trabalho profissional não docente, trabalhamos oito horas por dia. Na Fundação Unesp, trabalho no apoio a projetos e pesquisas de outros professores da Universidade.
Como conseguiu seu primeiro emprego na área?
Meu primeiro emprego foi como professor do Ensino Médio em 1983. Depois disso, assessorei diversos sindicatos entre 1984 e 1989. Depois disso, trabalhei na Fundação "Faria Lima", em atividades de serviços prestados ao Instituto de Terras do Estado de São Paulo, na área de regularização fundiária e assentamentos de populações rurais, bem como em conflitos de terras. Atuamos ainda em assessoria política e legislativa parlamentar. Lecionamos por 21 anos seguidos na Unimep.
O que há de melhor e o que há de pior na sua rotina de trabalho?
O melhor é lidar com seres humanos, grandes populações, estudá-las, desenvolver projetos sociais. As dificuldades relacionam-se com o ainda insipiente reconhecimento pela sociedade do trabalho do sociólogo.
O que foi mais importante na sua formação?
A minha formação teórica sólida, com metodologias e com teorias de pesquisa. A formação humanista também sólida e generalista. Isso amplia e muito os nossos horizontes culturais e nos abrem campos de trabalho.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou na carreira?
De minha parte, o maior desafio é a consolidação profissional, que requer muito estudo, maturidade política e social, bom nível de relacionamento com os próprios colegas e profissionais liberais de outras profissões, com os quais nos relacionamos, pois atuamos em equipes multidisciplinares. O conselho mais importante que daria para os jovens estudantes de Ciências Sociais é estudarem mesmo, se aprofundarem nas novas teorias, estarem antenados e ligados ao que acontece no mundo e no nosso país. Ler diariamente pelo menos dois jornais, ler revistas semanais e de teoria, ler muitos livros, dominar duas línguas e ter boas noções de estatística e de informática, seguramente, vão fazer os novos profissionais disputarem melhor o mercado de trabalho.