Movimentos Sociais farão Marcha Contra a ALCA e a OMC

Prof.Lejeune Mirhan - 08-09-2021 1002 Visualizações

Foi realizado no último dia 2 de setembro, uma reunião plenária nacional da Coordenação dos Movimentos Sociais – CMS, entidade que vêm se reunindo desde abril e que se propõe a aglutinar todas as entidades nacionais e interestaduais de caráter popular, social e sindical do país. A idéia que vem sendo gestada é unificar calendários e agendas nacionais e estaduais, lutas intercategorias e mais do que isso: construir uma plataforma comum entre os vários segmentos da sociedade brasileira, que possa ser apresentada ao novo governo popular de Lula. Fala-se na idéia da organização e mobilização do povo para, democraticamente, apoiar o governo no rumo das mudanças para o qual foi eleito no ano passado. Sabendo da existência de uma disputa entre os que querem a mudança e os que desejam o continuísmo, a organização e consolidação de um movimento social forte e pujante só tendo a contribuir para ajudar o governo.

Entre as entidades nacionais que participaram da reunião estavam: CUT, UNE, MST, CONAM, CMP, CNPL, CONTEE, CNTC, UBM, UJS, IMG, CSC, MAB, MTST, as Federações de Sociólogos, Trabalhadores de Rádio e TV, Metalúrgicos da CUT e várias Pastorais Sociais da CNBB. Havia também movimentos e ONGs, como Marcha Mundial das Mulheres, Consulta Popular, Campanha Jubileu Sul entre outras, vieram companheiros do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

Num primeiro momento, fez-se o balanço de algumas plenárias regionais ocorridas, sendo dado destaque para a da região Sudeste, com mais de 500 pessoas de MG, SP, RJ e PR, representando mais de 140 entidades. Informou-se dos debates do documento e de eventuais propostas de alterações de seu conteúdo. Algumas regiões do país, transferiram suas plenárias regionais para o dia 13 de setembro.

Dia Mundial de luta contra a ALCA e a OMC

O que galvanizou mesmo os discursos e intervenções foram as propostas relacionadas com a Marcha Mundial que vem sendo preparada pelas redes internacionais sociais, entidades mundiais que se articulam internacionalmente – na maioria pela Internet. Já há tempos ficou acertado o dia 13 de setembro próximo, sábado, como Dia Mundial de Luta Contra a ALCA e a OMC. Deverão ocorrer manifestações em várias capitais do mundo, nos moldes do que foi o dia 15 de fevereiro e 15 de março deste ano, quando mais de dez milhões de pessoas foram ás ruas contra a guerra, pela paz e contra o imperialismo americano.

Evidentemente que não se imagina que as ruas sejam tomadas por multidões como foi naqueles episódios pela paz, mas a decisão é mobilizar amplamente as entidades, ativistas e militantes sociais, parlamentares combativos, para levar mesmo multidões às ruas para protestar contra a ALCA e a OMC. No caso do Brasil, devem ocorrer manifestações na maioria das capitais brasileiras.

Ao que tudo indica, a maior delas deverá ser mesmo a que esta sendo preparada para São Paulo. A decisão tomada na reunião do dia 2 em São Paulo – sempre por consenso e unanimidade – foi de que faremos uma Marcha na Avenida Paulista, com concentração na Praça Oswaldo Cruz a partir das 10h do dia 13 de setembro, sábado. A Marcha deve sair por volta das 10h30 e vai percorrer toda a avenida e descer a rua Padre João Manoel, perto do MASP, e terminar seu percurso na porta do consulado dos Estados Unidos.

Na véspera da Marcha, será dada uma entrevista coletiva em SP – em local a ser definido – onde será lançado um Manifesto que dirá, de forma resumida, os objetivos da CMS. Este documento será assinado por todas as mais de cem entidades que já fazem parte do movimento. Um cartaz será feito e também um panfleto, que ficou à cargo da UNE e da CUT encaminharem, que estará pronto já a partir desta sexta-feira e poderá ser retirado na sede da CUT nacional, no Brás. Uma comissão que irá cuidar da infra-estrutura geral foi imediatamente formada e vai cuidar do carro de som, pedido de autorização para a Marcha, faixas, ônibus para trazer o povo dos bairros etc.

Uma nova reunião foi marcada, preparatória ainda da Marcha em SP, que ficou para a próxima segunda-feira, dia 8 de setembro, às 18h na sede da Ação Educativa, que fica na Rua general Jardim, 660, Santa Cecília (próximo ao Metrô de mesmo nome). No final do mês, foi marcada uma nova reunião na forma de Plenária Nacional da CMS. Ficou acertado a data de 29 de setembro, segunda-feira, durante todo o dia (das 9h às 18h), no mesmo local, Ação Educativa, onde se vai fazer um balanço das Marchas nos estados e discutir os rumos e as perspectivas do movimento.

A orientação mais importante que saiu da reunião foi a de que em cada estado brasileiro devem ser formadas coordenações estaduais da CMS, que pudesse encaminhar e unificar as lutas gerais do povo brasileiro, em especial neste momento, a realização de demonstrações massivas de ruas no próximo dia 13 de setembro.

Deveremos intensificar a coleta de assinaturas nesta semana até 7 de setembro, domingo e mesmo na semana que vem, que vem sendo chamada de Grito dos Excluídos em toda a América Latina. É sempre bom lembrar que na segunda-feira, dia 8, abre na cidade de Cancun, México, a reunião ministerial da OMC e para esse dia e essa semana, vão ocorrer manifestações em várias partes do mundo, em especial em Cancun. Alguns falam até na inviabilização da reunião, como ocorreu em Seattle, quando nenhuma decisão for tomada pelos participantes representantes dos governos e ocorreram confrontos entre policiais e manifestantes.

O abaixo-assinado que vem sendo coletado junto ao povo é pedindo ao governo do presidente Lula que convoque um plebiscito oficial para ver se o povo brasileiro que o Brasil adira à ALCA ou não. No plebiscito feito pelas entidades em 2002, mais de dez milhões disseram NÃO. Agora se pede um plebiscito oficial, feito pelo TSE e conforme manda a Constituição. No próximo dia 16 de setembro, terça-feira, este abaixo-assinado será entregue aos três poderes em Brasília por representantes das entidades nacionais.

Este movimento esta sendo visto como uma espécie de reedição do antigo Fórum Nacional de Lutas – FNL, que organizou a Marcha dos Cem Mil sobre Brasília em 1999. Mas uma reedição melhorada, mais organizada e com condições políticas mais favorável para a construção do consenso e da unidade. As bandeiras mais gerais que unificam agora são: Soberania nacional, Desenvolvimento, Trabalho, Distribuição de Renda com Inclusão Social. Mais recentemente, levantou-se com muita força, que pareceu nas plenárias regionais, a questão da não renovação do acordo do Brasil com o FMI, ao qual ganhou apoio e adesão unânime entre os presentes à última reunião.

É fundamental que todos os dirigentes de entidades sociais, comunitários, populares, de bairros, de mulheres, de jovens e estudantes, dirigentes sindicais de centrais e confederações nacionais, federações e sindicatos de base, igrejas, de partidos políticos progressistas que prezam a soberania e o desenvolvimento nacional, que se integrem a esse movimento em todos os estados e municípios, na busca de uma real organização do povo, para a conquista de uma sociedade mais justa, humana e igualitária.

* Sociólogo, 1º Secretário da FNSB, Vice-Presidente da CNPL e professor de Sociologia da Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep.