Já faz quase três anos que a República Árabe da Síria vem sendo covardemente atacada por terroristas mercenários, que praticam contra o povo sírio as piores atrocidades e barbaridades que temos presenciado nos últimos tempos. Achávamos que a era medieval e as barbaridades que se cometiam naquela época haviam acabado. Ledo engano. Terroristas matam indistintamente cidadãos sírios, mulheres e crianças, abrem seus ventres e vimos cenas nas TVs de terroristas devorando corações e fígados de seres humanos.
Ouvimos relatos de que mercenários de 83 nacionalidades distintas, boa parte vindos da Europa, Ásia e parte do Oriente Médio. São chamados de jihadistas, ou de takfiristas, salafistas, wahabistas, são membros da Al Qaeda, da Frente Al Nusra e outras denominações menos conhecidas por nós no Ocidente. Mas, o que têm em comum é serem aliados dos Estados Unidos no ódio contra o presidente da Síria, Dr. Bashar Al Assad e financiados a peso de ouro pela Arábia Saudita, Turquia, Qatar, países do Golfo em geral, com apoio total dos Estados Unidos e israel.
Na vista de quatro dias à Damasco, presenciamos uma unidade política muito grande entre os partidos com quem conversamos, lideranças do parlamento, do poder executivo e autoridades religiosas. Pelas informações que nos chegam a todo momento, nos pareceu uma questão de tempo para que o conflito caminhe para seu desfecho. No plano militar, apenas pequenas partes do território sírio encontram-se nas mãos dessa gente. Nos pareceu bastante definido o fim do conflito, a vitória do ponto de vista militar, político e diplomático do povo e do governo da Síria.
Agradecemos em especial ao Partido Socialista Árabe Sírio – Baath pela hospitalidade com que nos recebeu todos esses dias em Damasco. Quatro altos dirigentes do Baath nos acompanharam o tempo todo, chefiados pelo Dr. Nabil Makhoul. Falávamos com eles em francês e inglês. Mas, o árabe foi a língua principal que era traduzida pelo companheiro Khaled Mahassen, integrante da delegação. Ao final, recebemos presentes e lembranças, além de um álbum com todas as fotos que foram feitas pelo fotógrafo oficial que também nos acompanhou.
Concedemos entrevistas para quatro televisões sírias, sendo uma delas da Síria Internacional que é vista em todos os países árabes. Demos entrevistas para diversos jornais árabes e sírios. O maior deles, vinculado ao Partido Baath. A agência SANA de notícias, oficial do Governo publicou no seu site em árabe (www.sana.sy) pelo menos seis matérias sobre nossas atividades.
Temos que agradecer ainda o esforço do ex-cônsul geral da Síria em São Paulo, Dr. Ghassan Obeid, hoje chefe do protocolo do Ministério das Relações Exteriores da Síria, assim como ao atual cônsul em SP, Dr. Elias Bara e ao embaixador em Brasília, Dr. Ghassan Nseir. Especial agradecimento ao companheiro Hassan Abbas, do Baath em SP, que nos acompanhou e articulou bastante para que pudéssemos ter sucesso nas visitas e encontros.
1. A delegação
Integraram a delegação brasileira, seis pessoas, sendo um sírio residente, um brasileiro naturalizado de origem libanesa e quatro brasileiros. Além de mim, que fui Chefe da Missão tivemos o Khaled Fayez Mahassen – Jornalista, escritor, poeta e empresário, editor da revista Sawtak e presidente do Centro de Estudos da Cultura Libanesa de SP; Edson de Paula Lima, Professor, Advogado, presidente da Federação Interestadual de Trabalhadores em Educação e diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CONTEE e da Central dos Trabalhadores do Brasil – CTB; Caio Marcos Botelho Ferreira – Advogado e dirigente da União da Juventude Socialista – UJS e do Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta dos Povos – CEBRAPAZ; Leandro José Taques – Jornalista e Fotógrafo profissional e professor de fotojornalismo em Curitiba – PR e Hassan Abbas – Advogado e professor de língua árabe.
2. As Entidades que Assinaram o Manifesto
O Comitê de Solidariedade ao Povo da Síria redigiu um pequeno e simples manifesto de solidariedade a esse povo que luta e resiste à agressão externa. Nele, o documento repudia as agressões dos terroristas financiados pelo imperialismo. Defende a paz. Defende uma solução política e diplomática, chama ao diálogo. Ainda que em cima da hora, conseguimos adesões de várias entidades e instituições, bem como algumas pessoas. Sabemos que o potencial de assinaturas é bem maior do que essas listadas, mas sabemos também que a pressão midiática muitas vezes impede que alguma entidade ou cidadão assine um manifesto dessa natureza, ainda que simples e sem polêmica alguma.
São as seguintes as entidades e pessoas: PCdoB (Partido Comunista do Brasil); CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil); UNE (União Nacional dos Estudantes); UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas); UEE/SP (União Estadual dos Estudantes do Estado de São Paulo); UJS (União da Juventude Socialista); MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra); FDIM (Federação Democrática Internacional de Mulheres); UBM (União Brasileira de Mulheres); CMB (Confederação das Mulheres do Brasil); CONTEE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino); FITEE (Federação Interestadual de Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino); FENATEMA (Federação Nacional dos Trabalhadores em Meio Ambiente); FLEMACON (Federação Latino-Americana de Trabalhadores na Construção); SINTRACON/BA (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil da Bahia); SINPRO/GO (Sindicato dos Professores do Estado de Goiás); CONAM (Confederação Nacional das Associações de Moradores); UNEGRO (União dos Negros pela Igualdade); CEBRAPAZ (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz); FEPAL (Federação Árabe-Palestina do Brasil); FEARAB/SP (Federação das Entidades Árabes-Brasileiras de São Paulo); CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais); GT Árabe (Grupo de Trabalho de Estudos de Oriente Médio e Mundo Árabe); Revista Zunái; Revista Sawtak;SBIASP (Sociedade Beneficente Islâmica Alauita de São Paulo); Oriente Mídia (www.orientemidia.org) – Portal de Notícias Árabes; CBDDPP – Comitê Brasileiro de Defesa dos Direitos do Povo Palestino; CEA – Centro de Estudos Árabes – Paraná; MDD – Movimento Democracia Direta – Paraná; Jornal Água Viva – Paraná; ACSB – Associação Cultural Sírio-Brasileira – Paraná; Jornal Gazeta de Santa Cândida; IBEI – Instituto Brasileiro de Estudos Islâmicos – Paraná; ACJM – Associação Cultural “José Marti” – Paraná; Casa do Trabalhador – Paraná; CEPAT – Centro de Pesquisas e Apoio aos Trabalhadores – Paraná; Instituto Ekkoni de Desenvolvimento em Educação – Paraná e dezenas de intelectuais, escritores, jornalistas, pesquisadores e professores.
3. Autoridades que Visitamos na Síria
Em quatro dias de atividades intensas, mantivemos contatos com autoridades governamentais, com o Partido que governa a Síria desde 1963, que é o Baath e com autoridades religiosas cristãs e muçulmanas. Concedemos entrevistas e ao final visitamos um hospital militar e conversamos com soldados sírios em recuperação. Neste caso, percebemos um elevado moral nos soldados em tratamento. Muitos diziam que lutavam pela Síria e pelo presidente Bashar e que não viam a hora de se recuperar e voltar ao front de combate para limpar a Síria dos terroristas.
Registro a imensa pontualidade, tanto da nossa delegação quanto das autoridades que chegavam sempre no horário programado, acompanhadas sempre de diversas equipes de TVs, rádios e jornalistas.
São as seguintes as autoridades que visitamos: Dr. Wael Nader Al Halqi, médico, 1º Ministro da Síria e chefe de governo; Dr. Omran Al Zoubi, Ministro da Informação. Ele é o porta voz do governo junto aos meios de comunicação de massa na Síria e com as agências internacionais; Dr. Faisal Al Mekdad, vice-Ministro das Relações Exteriores. Ele esteve conosco no Centro Cultural Árabe-Sírio em SP no primeiro semestre. A sua fala em nosso encontro foi amplamente distribuído à imprensa. Na volta da Síria li na edição em inglês do NYT o resumo de seu posicionamento.
Estivemos com o Dr. Jihad Lahham, presidente do Parlamento da Síria, que tem representação de nove partidos com parlamentares eleitos, que escreveram a nova constituição de 2012, referendada pelo povo da Síria. Registramos que a Síria tem legalizados hoje 22 partidos políticos. Os dois partidos comunistas que existem na Síria participam do governo e têm um ministério cada um. O presidente do parlamento presenteou-nos com uma caixa entalhada por marchetaria contendo uma caixa de doces sírios dentro.
Estivemos ainda com Ahmad Badreddin Hassoun, Grão Mufti de Damasco. Registro aqui que esse é um cargo que cuida de assuntos jurídicos e religiosos de linha sunita. É cargo nomeado. Ele teve seu filho assassinado pelos terroristas. Presenteou a nossa delegação com uma masbaha, espécie de terço islâmico.
Estivemos com Abdallah Al Ahmar, Secretário-Geral Adjunto do Partido Socialista Árabe Sírio – El Baath. Eles dizem “adjunto” por ser o SG o próprio presidente, Dr. Bashar El Assad. Uma cadeira vazia ao lado do Abdallah simbolizava a presença do presidente. Ele é antigo lutador, uma lenda na Síria e tem 86 anos.
Visitamos ainda Ahmad Dawa, jornalista, editor chefe da Agência Árabe Síria de Notícias, SANA, do Ministério da Informação. Com ele mantivemos profícua conversa. Falamos que participamos de um site de notícias do mundo árabe no Brasil, totalmente em português, que é o Oriente Mídia (www.orientemidia.org) que produz conteúdo próprio no Brasil, onde vários brasileiros de origem árabe ou não colaboram e escrevem artigos e que publicamos traduções diretas do inglês produzidas pelo coletivo de tradutores da Vila Vudu e que podem ser usadas livremente na parte em português da Agência.
Estivemos ainda com o Dr. Ali Diab, Diretor da Escola Central da Quadros do Partido Baath. Ele foi embaixador no Brasil durante quatro anos e eu o conheci no Brasil. Com ele tivemos com ele várias vezes, em especial na 1ª Cúpula América do Sul Países Árabes, inaugurada por Lula em 2005, realizada em Brasília.
Por fim, estivemos com Dom Louka H. El Khouri, Patriarca auxiliar do Patriarcado Grego-Ortodoxo de Damasco. No Brasil eles possuem uma Igreja no Paraíso, a Catedral Ortodoxa cujo responsável é Dom Damaskinos Mansour, a quem elogiamos pelo apoio que tem dado à solidariedade ao povo da Síria no Brasil.
Avaliação preliminar
No que diz respeito à visita à Síria a avaliação que fazemos é de que a realização da Missão foi extremamente vitoriosa e proveitosa. Fomos recebidos com a maior hospitalidade por um povo que luta com sacrifício contra um ataque externo. Que resiste de armas em punho.
Dissemos a eles que nós é que devemos agradecer à luta resistente do povo sírio que combate em nome de todos nós, lutadores anti-imperialistas do mundo inteiro. Que eles nos representam no seu tenaz combate à agressão externa. Que o imperialismo sai derrotado de sua empreitada ao tentar destruir a Síria e o seu Estado Nacional. Ainda que tenha imposto destruição e sofrimento ao povo sírio, este em alguns anos reconstruirá o país. Sairão mais fortalecidos do processo.
Os sírios nos disseram que os destinos da Síria e da sua liderança nacional quem deve decidir serão os sírios. Eleições devem ocorrer em maio ou junho próximo e o presidente da Síria, Dr. Bashar deve concorrer à reeleição e segundo pesquisas, deve obter pelo menos 75% dos votos ou ainda mais. A oposição externa, que pegou em armas contra seu próprio povo e conclamou o tempo todo para que a OTAN atacasse o seu próprio país, deve continuar no exílio. Não há espaço na nova Síria para ou que traem o seu país e seu povo, e que se colocam à serviço de potências estrangeiras. Como eles dizem, a era do colonialismo acabou e potências como os EUA, França e Inglaterra ainda não perceberam.
Saímos da Síria com a impressão de que o povo sírio, em aliança com seu exército nacional e a liderança do governo, sob o comando do presidente Bashar Al Assad vencerão a batalha. Percebemos sim a tristeza, o sofrimento que é visível nos rostos das pessoas. Percebemos sim medo nos rostos das pessoas. Natural. Bombas implantadas por terroristas que vieram de fora da Síria podem explodir a qualquer momento.
Nós mesmo vivemos isso. Ao visitarmos uma das Mesquitas mais antigas da Síria e do mundo árabe, construída no período Omíada, em 720, que fica ao lado do mercado mais antigo do mundo, que é o de Damasco com 10 mil anos, algumas horas depois que de lá saímos, uma bomba explodiu na Praça em frente a Mesquita, matando dez pessoas e ferindo mais de 30. Nós nos perguntamos porque os terroristas fazem uma coisa dessas? Porque os que os financiam defendem esse sofrimento e destruição da Síria? A resposta é clara. Restou apenas a Síria hoje na defesa da luta anti-imperialista. Restou apenas a Síria na defesa dos direitos do povo palestino e na luta contra o sionismo. Restou apenas o Estado Nacional sírio, laico e independente, que luta pela soberania e autodeterminação de seu povo e do seu país. Por isso o ódio do imperialismo e seus aliados ao país e ao seu governo.
Por fim, a popularidade do Partido Baath. A impressão que me ficou é que ela seria parecida com a popularidade que tem o Partido do Trabalho da República Popular da Coreia. Seus dirigentes são queridos pelo povo, existe uma liderança nacional forte e respeitada e há um carinho popular para com a família do presidente. Foi a impressão que eu tive.
Voltamos com a firme convicção de que a Síria vencerá e com ela todos os povos em uma nova ordem mundial, multipolar, mais progressista e avançada que o momento que vivemos hoje.
Nosso Encontro com o Hezbolláh no Líbano
Quem estuda o Oriente Médio e o Líbano, como tenho feito há mais de 30 anos, conhece e acompanha as ações do Hezbolláh. Essa organização partidária, ainda que de fundamentos religiosos, tem atuado na defesa da soberania libanesa desde que foi fundada em 1984, há 29 anos. O nome oficial deles é Movimento de Resistência Islâmica Libanês. Surge depois que Israel, em sua política expansionista e apoiada pelos EUA, ocupou todo o Sul do Líbano em 1982, tendo chegado até a capital Beirute. Nessa época era ministro da Defesa o general Ariel Sharon, então do Likud, partido direitista e que depois fundaria o Kadima. Esse sionista histórico, que encontra-se em coma desde 2005, faleceu no dia 11 de janeiro passado.
Nosso encontro estava previamente marcado para 10h30 e seria realizado em uma das sedes do Partido, na região de Beirute onde o Partido é extremamente forte, de população majoritariamente xiita. Ao chegarmos à sede, uma espécie de Ministério das Relações Exteriores e Diplomáticos do Partido, nos deparamos com um camarada libanês que falava o português fluente e seria nosso tradutor. Chamou-me a atenção quando, ao eu alegrar-me por ver um libanês falando nossa língua me disse, com uma ponta de orgulho no peito: “o Hezbolláh fala todas as línguas”.
Nosso encontro foi com Mohammad Obeid, Secretário Político e de Relações Diplomáticas do Hezbolláh. Nunca soube que posição hierárquica ele teria na organização, mas, pelas instalações que visitamos, pela cobertura da TV Al Manar feita do encontro, pelos cinco dirigentes do Partido presentes, me pareceu um quadro nacional da organização. Ainda hoje, é bom que todos saibam, esse Partido da resistência, é considerado pelos Estados Unidos como uma organização “terrorista”, ainda que tenha no gabinete libanês três ministérios e uma grande bancada no parlamento. Pude constatar a imensa popularidade desse Partido em Beirute, mesmo entre cristãos e muçulmanos sunitas, pois as pessoas veem o Partido como auxiliar, junto com o exército libanês, na defesa do país contra as constantes agressões sionistas pelo Sul.
Prevista para durar apenas meia hora, o agradável encontro estendeu-se por duas horas. Em um primeiro momento fiz as apresentações da nossa comitiva, entregando-lhe o Manifesto de entidades brasileiras em solidariedade à Síria, na versão árabe, bem como cópia de nosso artigo para a Revista Princípios. Feito isso, ele passa a discorrer sobre a “batalha da Síria” e a total solidariedade que o Partido dele presta ao povo e ao governo da Síria.
Falou do envio de militantes e combatentes para além da fronteira sírio-libanesa para combater os terroristas financiados pelo imperialismo, países árabes, Turquia e apoiados por Israel que querem destruir a Síria e derrubar o seu governo laico e anti-imperialista. Disse que faziam esse movimento nem tanto pela Síria, mas pelo Líbano, pois se derrubado fosse o governo sírio, o alvo em seguida seria seguramente o próprio Líbano.
Disse que a linha política que o Partido tem adotado é estabelecer alianças amplas, sejam entre comunistas, socialistas, patriotas de toda e qualquer religião, sem discriminação. Que o Hezbolláh apoia a paz na Síria, apoia os acordos para que o Irã tenha o direito à sua energia nuclear pacífica. Que gostaria de ver a Conferência de Genebra 2 ser realizada e ter sucesso. Refutou o que a mídia chama de “muçulmanos fundamentalistas” aos terroristas que combatem na Síria. Disse que esses não são e nunca foram muçulmanos. Alertou que o Corão proíbe violência contra famílias, em especial crianças, jovens, mulheres e idosos. Mesmo em combate, há regras que precisam ser observadas, como o respeito aos prisioneiros, coisa que os terroristas que agem na Síria não fazem.
Nos chamou a atenção a sua menção ao fato que terroristas apareceram na mídia comendo corações e fígados de soldados o exército sírio que foram capturados e mortos. Ele disse que pensava que costumes da idades das trevas estivessem abolidos, mas que havia se enganado.
Registrou a opinião que o imperialismo ainda que siga forte, encontra-se decadente. Mohammad usou uma expressão que, ao ser traduzida, arrancou risadas de todos os presentes. Os dirigentes do Irã, desde Khomeini e do Hezbolláh, chamam os EUA de “o grande satã”. Ele nos disse que “os chifres de satã não estão quebrados, mas encontram-se bem torcidos”. Em uma alusão à situação de fraqueza dos EUA que sequer conseguiram atacar unilateralmente a Síria. Vitória dos povos e dos combatentes de todo o mundo.
Agradeceu imensamente a nossa visita. Falou também da importância do Brasil. Disse que teria dificuldades de vir ao Brasil, em função das perseguições que vivem em todo o mundo e que têm dificuldades de manter escritórios de representação política em alguns países. Disse que quando precisarmos de interlocução, o Hezbolláh entrará em contato. Convidou-nos para fazer nova visita, com mais tempo ao Líbano. Que eles teriam enorme prazer em nos receber. Convidou imediatamente a Juventude Socialista a participar do encontro mundial que ocorrerá em junho de 2014, com jovens revolucionários vindos de todo o mundo. E disse que alguém entrará em contato com a entidade no Brasil para maiores detalhes.
Ao final, a delegação brasileira solicitou a possibilidade de conhecer a região montanhosa do Sul do Líbano, ocupada por Israel por pelo menos 18 anos (1982 a 2000). Após consultas entre os cinco libaneses presentes em árabe, ele nos disse que dois carros com dirigentes partidários iriam nos conduzir a uma região chamada de Iqlim Al Tuffah, uma das colinas onde era a base central da resistência e da guerrilha libanesa contra a ocupação israelense. Ficamos imensamente felizes.
Essa experiência foi inesquecível e voltamos renovados de esperança que essa guerra vai acabar em breve e que vencerá a vontade inquebrantável do milenar povo da República Árabe da Síria e seus aliados no Oriente Médio e em todo o mundo.
* Sociólogo, professor escritor e arabista. É colaborador do portal Vermelho, da Fundação Grabois e da Revista Sociologia da Editora Escala. Foi presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo (2007 a 2010) e da Federação Nacional dos Sociólogos (1996 a 2002). Recebe e-mail no endereço: lejeunemgxc@uol.com.br