Na semana que passou, os três grandes líderes das maiores potências mundiais – Xi Jinping, Vladimir Putin e Joe Biden – falaram ao mundo algumas de suas ideias, em eventos convocados por eles próprios. Trarei neste pequeno ensaio não só um resumo do que eles falaram, mas em especial, a análise de seu conteúdo e possíveis desdobramentos e impactos na geopolítica mundial.
Conferência Anual de 2021 do Fórum Boao para a Ásia (BFA)
Conferência Anual do Fórum de Boao, que é uma região da China, é realizada este ano, em que se comemora o 20º ano que ocorre esse evento. E foi a conferência que reuniu o maior número de países, que foram 60. Portanto, não apenas os países da Ásia. A China está ampliando o seu espaço político. Hoje, Xi Jinping tem um projeto de levar a China, não para a hegemonia, como ele disse em seu discurso, na abertura do evento, mas para projetar o país, como no passado.Participaram 2.600 pessoas em Boao.
Em seu discurso, Xi aborda vários assuntos, sendo os principais:
E, esses novos tempos implica que, para derrotar a pandemia que assola a humanidade, é preciso duas coisas: a solidariedade e uma governança global. Ele já vem batendo nesta tecla desde o discurso da ONU, em setembro de 2020.
Quando Xi Jinping fala em governança global, ele não se refere à ONU, que não consegue ser e se estabelecer como uma governança global. Essa governança seria entre os vários líderes dos principais países, não apenas as potências, mas uma série de outros. Os chefes de Estado e de governos têm que sentar à mesa “redonda” – para que ninguém fique à cabeceira –, e tomar decisões mundiais, nesse esforço de governança. Coisa que a ONU não consegue fazer neste momento.
Xi Jinping fala num futuro compartilhado para a humanidade. É uma novidade na geopolítica mundial. É um termo novo, que Putin também usa, de vez em quando, mas é o presidente chinês que tem batido mais nisto. E faz a defesa de um mundo de paz, desenvolvimento e cooperação do tipo “ganha-ganha”.
O que são essas cooperações? O Xi, tal qual Putin e, dizem, que tal qual o Biden, são multilateralistas. Isto é, são favoráveis a decisões coletivas tomadas por muitos países. Quando você assina um acordo bilateral, por exemplo, China-Vietnã, China-República Popular da Coreia, são acordos “ganha-ganha”. Se você assina Estados Unidos-Bolívia, hoje, é o chamado acordo “ganha-perde”. Só eles ganham ou, praticamente, o outro país ganha muito pouco.É diferente nos acordos que a China assina, onde os dois lados ganham. Ele, então, aponta para esta perspectiva.
Ele defende um mundo com justiça, sem hegemonia para nenhum país. Este é, evidentemente, um recado direto para os Estados Unidos. É como dizer: “Vocês não podem ter a pretensão de manter esta hegemonia no mundo hoje”.
Ele menciona a liberalização do comércio, que é positivo. A China é um país que tem um mercado muito forte, que nós chamamos de “Socialismo de Mercado”.Muitos questionam se pode ser socialista e ter mercado. Por que não? O mercado não é exclusivo do capitalismo. Até no escravismo tinha mercado. No feudalismo havia os burgos e o mercado central, onde todos vendiam o que produziam. O socialismo também tem que ter mercado, as pessoas têm que ter o direito de consumir.
Ele menciona uma série de investimentos que a China está fazendo, dentro do projeto: One Belt, One Road, “Um Cinturão, Uma Estrada”. Que são investimentos em infraestrutura para integração rodoferroviária e também marítima, com a construção de portos e também aeroportos. Assim, a China está financiando em muitos países, como o acordo estabelecido com o Irã, no sentido de facilitar o que chamam de “as novas rotas da seda”. Ou seja, são rotas por onde vão fluir todas as exportações chinesas.
Ele menciona a necessidade de uma cooperação global no campo científico. Especialmente, no campo da Economia Digital; Inteligência Artificial; Biomedicina e Banco de Dados. As informações no mundo hoje, valem ouro. São equivalentes, como dizem, à água, que é o elemento mais importante para a sobrevivência.
Os bancos de dados, que concentram os dados pessoais, valem muito dinheiro. Porque, a partir desses dados, traça-se um perfil e a propaganda chega nas nossas redes sociais, de acordo com o nosso perfil. É uma propaganda dirigida especialmente para nós, para mim, individualmente, segundo os meus gostos. Eu, por exemplo, na minha página no Facebook e nas minhas redes sociais, só vêm livros: Estante Virtual, até o Mercado Livre me oferece livros, Martins Fontes, Zahar. Porque eles sabem que eu pesquiso e adquiro livros nesses sites eletrônicos e então, passam a oferecer para mim.Aquele estilo tradicional de propaganda, via agências de publicidade, está em absoluto declínio.
Xi Jinping elogia a ONU através da sua OMS, pelo trabalho que ela está desempenhando no combate à Covid-19. Ele menciona o direito de todos terem acesso às vacinas. Há uma guerra das vacinas, não só entre as indústrias farmacêuticas de ponta, cujo carro chefe agora é a produção das vacinas. Eles fazem as pesquisas, investem e vendem as doses. Mas, não há vacina para todos.
Ele menciona um tema que, seguramente, o Biden deve mencionar no seu discurso do dia 22 de abril. Com isso, ele fortalece o Acordo do Clima de Paris, chamado COP-21.
Ele finaliza criticando o que chama de “guerra ideológica” e contra que se estabeleça no mundo uma nova Guerra Fria, que vem sendo chamada de Guerra Fria 2.0. É outro recado diretamente para os Estados Unidos.Estasforam, em linhas gerais, as concepções que Xi Jinping apresentou nessa grande conferência na Ásia.
O discurso de Vladimir Putin
O segundo grande discurso foi o discurso feito pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que falou por 1h18. O discurso foi feito no dia 21 de abril, e é equivalente ao que os presidentes dos Estados Unidos fazem todos os anos, no final de janeiro. Lá eles chamam esse discurso de “O estado da Nação”. Como é que se encontra a Nação. Eles fazem isso perante o Congresso. O Putin não chama de discurso sobre o estado da nação. Ele faz em outro momento, mas não com esta característica, mas também perante o seu Congresso.
Depois disso ele concedeu uma entrevista coletiva. Ele também mandou vários recados para os Estados Unidos. Ele não manda recado para a China, pois eles são amigos e aliados. São fundadores da Organização de Cooperação de Xangai-OCX, que o Xi mencionou a importância. Eu tenho mencionado, nos dois anos em que tenho feito programas de Geopolítica, e pedido para prestarem atenção nesta sigla: OCX. Ou, na sigla inglesa: XCO, Xangai Cooperation Organization.
Trata-se da maior aliança e articulação militar e econômica da Terra. Foi fundada em 2001 e este ano está completando 20 anos. É anterior ao BRICS, que são de 2006. É por isso que eu sempre falo de datas. Quando estudamos história, não é para decorar datas, mas ao mencionar as datas, vemos uma série histórica que nos permite fazer algumas análises.
Por exemplo: os BRICS surgiram em 2006, quantos anos depois que acabou a URSS? A OCX surgiu em 2001, ano do atentado às Torres Gêmeas e 10 anos depois do fim da União Soviética. Percebe-se por estas datas, que o mundo ficou de forma unipolar, de forma absoluta, por 10 anos. E, ainda hoje, 30 anos depois, não consolidamos o mundo multipolar pretendido por Putin e por Xi Jinping.
O Brasil e a Índia já quiseram também. Mas, assim é a geopolítica mundial. O imperialismo tirou o Brasil e a Índia desse bloco Rússia-China. Ele se enfraqueceu, mas ainda bem, que China e Rússia têm aumentado oseu protagonismo na geopolítica mundial, que compensa a perda desses dois países.
Ele menciona a construção de uma nova arquitetura e tratados de segurança internacional. Não especificamente desarmamento, mas ele diz que tem que haver um novo pacto. E, quem joga papel especial neste pacto, segundo ele, são os países signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear e, o Brasil é um deles.
A frase que mais me chamou a atenção no discurso do Putin, é a constatação de que a Rússia está sob cerco. Tem problemas na Ucrânia e tem a tentativa de derrubar o governo da Bielorrússia, vizinha da Ucrânia e fronteira com a Rússia. Ele mandou o seguinte recado: “A Rússia encontrará formas de se proteger contra quem não a respeite”.
O que ele quis dizer? “Estados Unidos, não brinquem conosco”. Assim como Xi, ele também fez duras críticas aos Estados Unidos, diretamente, que teimam em ser hegemônicos no mundo, por uma política de sanções ilegais, que ocorrem à revelia das Nações Unidas e do Direito Internacional. Sanções sem valor legal algum. E por que eles conseguem então implantar as mesmas? Porque eles são uma potência, têm sete frotas navais, capitaneadas por um porta-aviões nuclear que controlam todos os mares e oceanos. É por isso que conseguem impor tais sanções. Também pelo fato que são eles quem emitem a moeda de aceitação corrente em todo o comércio mundial. Quase que exclusiva.
Vejam o caso do Irã,que está sob sanção, e não pode vender o seu petróleo, mas vende, especialmente para a China, quase um milhão de barris por dia. Se colocar a US$30 o barril, que já chegou a 120, isso significa 30 milhões de dólares por dia e umbilhão de dólares por mês. São 12 bilhões ao ano que o Irã exporta só de petróleo para a China.
Toda essa exportação ocorre a partir de uma rede de superpetroleiros que chegam a transportar até dois milhões de barris de cada vez. Isto tem um valor inestimável. Esses navios podem ser atacados pelas frotas dos Estados Unidos? Em tese sim. Eles entendem que sob sanção, o país não pode comercializar o petróleo. Mas, os iranianos estão fazendo isso. Essas operações comerciais tem sido possível graças à escolta que vem sendo prestada pela marinha russa aos petroleiros iranianos, para que cheguem intactos ao seus destinos.
Como já dissemos anteriormente, que o acordo de 25 anos que a China fez com o Irã, na prática, torna ineficaz qualquer sanção que os Estados Unidos continuem ou venham a impor e torna nulas as que estão “em vigor’. Esta é uma grande novidade.Putin bate de frente com as sanções, coisa que também o Xi fez em seu discurso. Essa escolta, torna ainda mais nula as sanções, pois garante que o petróleo seja comercializado com qualquer país.
Putin também anunciou um pacote de investimentos em infraestrutura. A Rússia de hoje ainda não alcançou o patamar do que foi a URSS. É bem verdade que a URSS era uma união de 15 Repúblicas. Mas eram pequenas, diferente da grande mãe Rússia, como eles chamam, que era o carro-chefe. Mas, quando acabou a União Soviética, o PIB russo caiu 50%, ou até mais.
A Rússia de Vladimir Putin, que começou seu primeiro governo em 2009 – evamos já para 12 anos de gestão, ora como presidente, ora como primeiro-ministro e ele ainda poderá ser reeleito e, em tese, poderá ficar no cargo, até 2036. Registre-se que estamos entrando em uma época de presidentes e primeiros-ministros longevos. Caso de Putin, Nethanyahu, Merkel entre outros.
Outra frase de Putin que chama a atenção, seria a segunda frase de maior significância, que dá a essência do discurso: “Não aceitamos mudanças de governos pela força”. E cita nominalmente alguns países: Bielorrússia, Ucrânia e Venezuela, ainda que não tenha citado a Síria, talvez pelo fato que já vencemos na Síria, faltando recuperar apenas 5% do território. Ele não citoua Síria, mas claro que, nesses anos de ataques que sofreu de fora para dentro, a Rússia esteve sempre ao lado do povo e do governo da Síria.
Putin propôs reunir os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU. Mas, não é reunir em uma sessão do próprio Conselho. Isso porque em uma sessão regular do CS/ONU, quem participa são cinco com poder de veto e mais os outros 10 países eleitos de forma rotativa. Os cinco nunca saem, são permanentes. Assim, o que Putin propôs foi uma cúpula entre a Rússia, China, Estados Unidos, França e Inglaterra, fora da ONU, quiçá, para criar uma governança global.
O último aspecto do discurso é a defesa do multilateralismo. Ou seja, aceitar as decisões tomadas em fóruns coletivos da ONU, que corresponde a um voto por país, independentemente do tamanho desse país. Estas siglas da ONU já fazem parte do nosso dia a dia: Unesco, OIT, Unicef, OMS, OMC, FAO, Conselho dos Direitos Humanos. Nós saberíamos dizer, o que significa cada uma delas.
Essas instituições estão abaixo da Assembleia Geral, mas cumprem um papel importante. No Conselho dos Direitos Humanos, por exemplo, com 47 membros, os Estados Unidos só perdem, porque todos se juntam contra eles. É por isso que Trump era contra o multilateralismo e, de onde ele pode sair, ele saiu, como da Cúpula do Clima e da OMS. O Biden está voltando a todas elas.
A questão da Cúpula de Líderes sobre o Clima
A minhaanálise é queBiden mostrou ao mundo o seu cartão de visitas. Falou na tal da Economia Verde.Em seu programa de governo para osEstados Unidos Biden defendeu que ocorra até 2030, uma mudança na matriz energética saindo de uma matriz suja, derivada do hidrocarboneto, para uma matriz limpa, que não polua e diminua drasticamente as emissões de carbono na atmosfera.
Sobreessa conferência, ele foi duro osuficiente com Bolsonaro,sem no entanto romper ou até mesmo nominar o “presidente” brasileiro.E, falando o inverso, o Bolsonaro usoutodo o seu tempo contando mentiras.Comoele já tinha contado na ONU. Disse que “seu governo”protege os índios, que protege a Amazônia,que ele tem grandes projetos depreservação e o orçamento do Brasil conta com imensa dotação para a proteção de nossas florestas e o nosso Pantanal. Mentiras deslavadas. E a comunidade internacional sabe bem disso.
Semanapassada a PolíciaFederal do Amazonas apreendeu 100 milhõesde metros cúbicos de madeira.Essa toras bem grandes são medidas emmetragem cúbica. O superintendente da PF do Estado do Amazonas, que fez a apreensãofoi demitido.Ele é doutor em MeioAmbiente pela Universidade do Amazonas, é um expert.
O que o Ricardo Sales fez? Ele mandou a polícia federal demitir ocara.E ele está agora devolvendo o queos madeireiros cortaram asárvores, está devolvendo para eles amadeira que pertence ao Brasil.Eufiz o cálculo, aquilo vale um bilhãode reais. E ele e seu chefe Bolsonaro tiveram o descaramento de pedirdinheiro para o mundo, quando elenão gasta nem o pouco de dinheiro queestá previsto no orçamento do Brasil,para os programas de Proteção Ambiental.Eleé um devastador e nós sabemos disso.
O segundo aspecto da postura doBrasil nesta reunião de cúpula sobre o Clima, que não é umareuniãooficial da ONU, a postura de Bolsonaro foi a de completa submissão ao imperialismo estadunidense, mesmo o chefe desse imperialismo não sendo o presidente que ele apoiou, fez campanha e tinha um amor profundo por ele, que foi o Trump. No entanto, ele foi um gatinho, um poodle manso, mostrando total subordinação aos EUA. Qualquer que seja o governo de turno, ele é a favor de que o Brasil fique submisso.
Essa reunião da Cúpula do Clima, mesmo não sendooficial da ONU, é positivo que elaaconteça. Paraque substituamos todo opetróleo por energia limpa, como a eólica, nuclear, solar, das marés etc. não é nada fácil.Eu me lembro que Biden, quandoele fez o primeiro debate com o Trump, eledefendeu essa transição para energia limpa, ao passo que Trump o interrompeu e o atropelou, botouo dedo na cara do Biden e disse na TV:olha aquipessoal ele vai acabar com aspetroleiras.Isso porque, o Trump é serviçal daspetroleiras, como a família Bush. AcheiBiden corajoso nesse aspecto. E, ele fala em fazer essa transição até 2030, daqui a nove anos quando ele já não estará nogoverno. Mas, ele sonha ser reeleito e fazera sua sucessora, provavelmente,Kamala Haris, que poderá vir a ser aprimeira mulher presidente.
Então, o sonho de Biden, evidentemente, éfazer 12 anos de governo de forma a chegar em 2030 comessa transformação completa.Issoafeta omundo? Sim, afeta o mundo.Então, é positivo que ochefe do império diga ao mundo que omundo precisa também mudar sua matrizenergética.É positivo.Agora, essa é umaconferência geopolítica. A China, só confirmou asua participação, da mesma forma Rússia, na véspera da sua abertura no dia 22 de abril.Umaconferência dessas é para mostrarprotagonismo para o presidente dosEstados Unidos e tentar isolar a China e a Rússia.
Como dissemos, o mundo ainda não conseguiu consolidar uma nova situação geopolítica da multipolaridade amplamente desejada – com polos projetados como, além dos três grandes, também o Basil, Índia, União Europeia e África do Sul, no continente africano.
Não se pode nem de longe falar em mundo multipolar pelo simples fato que os EUA têm quase mil bases militares espalhadas em todo o mundo. Eles ocupam com a OTAN, todo o continente Europeu e procuram cercar a Rússia e a China, pelo seu Mar do Sul. Não vão conseguir. Assim, nem temos ainda mais um mundo unipolar há algum tempo, nem consolidamos a multipolaridade. O correto é afirmarmos que vivemos em um mundo em transição. Mas, nestes tempos de transição de impérios decadentes e mesmo de mudanças de sistemas econômicos, a terra “treme”. Revoluções e guerras acontecem. Vamos ver o que nos espera.
* Sociólogo, professor universitário (aposentado) de Sociologia e Ciência Política, escritor e autor de 14 livros, é também pesquisador e ensaísta. Atualmente exerce a função de analista internacional, sendo comentarista da TV dos Trabalhadores, da TV 247, da TV DCM, dos canais Outro lado da notícia, Iaras & Pagus, Rogério Matuck, Contraponto, Democracia no ar, Conexões, todos por streaming no YouTube. Publica artigos e ensaios nos portais Vermelho, Grabois, Brasil 247, DCM, Outro lado da notícia, Vozes Livres, Oriente Mídia e Vai Ali. Agradeço à Ademir Munhóz pelo trabalho de transcrição de meus programas internacionais (ademir@piracaihoje.com.br). Todos os meus livros podem ser adquiridos na Editora Apparte no endereço: www.apparteditora.com.br e as compras podem ser parceladas em até seis vezes sem juros. O meu site pessoal é www.lejeune.com.br, onde estão todos os meus artigos, a maioria de política internacional e também política nacional e Sociologia brasileira. Recebo e-mails no endereço: lejeunemgxc@uol.com.br. Meu Zap é +5519981693145. Meus endereços nas redes sociais são: Facebook: www.facebook.com/lejeune.mirhan; Instagram: @lejeunemirhan; Twitter: @lejeunemirhan; Youtube: lejeunemirhan; VK: Lejeune Mirhan (vk.com).